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O QUE QUEREMOS SER QUEREMOS

SEMPRE TER SIDO NO PASSADO

O Que Queremos Ser Queremos Sempre Ter S

O que queremos ser queremos sempre ter sido no passado é um vídeo inspirado nas memórias das três mulheres veladoras do poema dramático O Marinheiro, de Fernando Pessoa, escrito em 1913. As três personagens atravessam uma madrugada espectral, velando uma morta, envolvidas numa atmosfera de sonho e imaginação. Enquanto esperam o amanhecer, elas enfrentam a presença da morte, com narrativas de um tempo perdido, mergulhado na inocência, na beleza e na vivacidade da natureza.

O filme reconstrói estas memórias oníricas que emergem das palavras e dos silêncios em imagens solares, pontuadas pela música de Antônio Jardim.

Para assistir ao vídeo, clique aqui ou na imagem acima

FICHA TÉCNICA
FICHA TÉCNICA
Direção e Roteiro

Nanci de Freitas

Pedro Henrique Borges

 

Elenco

Gleice Uchôa

Lícia Gomes

Natasha Saldanha

Direção de Cena

Nanci de Freitas

Câmera e Direção de Fotografia

Sara Paulo

Câmera Mar/Urca

Nanci de Freitas

Figurino

Lícia Gomes

Música

Antônio Jardim

Dois Epitáfios e Sonata para piano

CD Cantos de memória

Mixagem

Pedro Henrique Borges

Montagem

Nanci de Freitas

Pedro Henrique Borges

Edição

Pedro Henrique Borges

Realização

Mirateatro! Espaço de estudos e criação cênica Instituto de Artes – UERJ

Apoio Institucional

 

Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ

Sub-reitoria de Extensão e Cultura – SR3

Departamento de extensão – SR3

Departamento de Estágios e Bolsas/CETREINA – SR1

Departamento Cultural – COART

Laboratório de Artes Cênicas

Bolsa TCT/4 FAPERJ

QUANDO NÃO HÁ MEMÓRIA, A LIBERDADE É APENAS UMA ILUSÃO
Quando não há memória,
a liberdade é apenas uma ilusão.
TEXTO DE PEDRO HENRIQUE BORGES
Pedro Henrique Borges

Pedro Henrique Borges é artista visual multimídia, videomaker e pesquisador. É Bacharel em Artes Visuais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro e Mestre em Artes pelo Programa de Pós-Graduação em Artes – PPGArtes UERJ (2021). Realizou parte de sua formação na Academia de Belas Artes em Praga, na República Tcheca (2009/2010), e na Indonésia, no Program of Chinese Indonesian Architecture of Petra Christian University of Surabaya (UKP) (2012/2013). No Mirateatro, foi bolsista de graduação por três anos, atuando como assistente de produção e criação de vídeos, e recebeu a bolsa de nível superior Treinamento e Capacitação Técnica – TCT/FAPERJ, de 2017 a 2019, dirigindo diversos vídeos junto da Profª Nanci de Freitas, incluindo o documentário Mirateatro! Prtocessos.

Falar sobre a encenação de O Marinheiro, de Fernando Pessoa, sobre o período em que estivemos pesquisando, sobre o meu afastamento e retomada do texto, sobre os vídeos que codirigi com a professora Nanci de Freitas, sobre os diversos documentários e trabalhos que fizemos, desde a minha chegada ao Mirateatro, também é falar da minha formação e de meu amadurecimento como artista e como pesquisador. Sinto que a abertura que tive no projeto para me aprofundar e expor foi fundamental para a minha jornada pessoal e profissional.

Tratar e falar de questões tão densas que são trazidas à tona pelo texto de Pessoa foi um processo muito intenso para um estudante tão jovem, mas, apesar de me deparar com questionamentos tão profundos, foi encantador. Desde pequeno, tenho uma ligação com a literatura portuguesa, impossível não me lembrar do meu avô me apresentando esse universo que era tão caro a ele e se tornou tão especial para mim. Tanto que o tema da minha dissertação de mestrado é o texto O Marinheiro, de Fernando Pessoa.

Os percursos que cruzei foram muito plurais, começando com a montagem do espetáculo, no qual participei operando e finalizando o som e criando alguns efeitos sonoros. Também finalizei e editei os vídeos que fizeram parte do espetáculo, numa busca por criar novas imagens que complementavam as cenas. Memórias e sonhos das personagens da peça eram visuais e extrapolavam a palavra, pois, em certos momentos, os vídeos tomavam corpo no espaço e interagiam com elas.

Era possível mudar o tom de determinada cena por meio dessa coabitação entre som, imagem e atuação, tudo dentro de um universo onírico fechado numa redoma lindamente composta pelo cenário. Talvez a virtualidade dos vídeos fosse capaz de criar a ilusão de que as veladoras não estavam presas à torre que as cercava. Existia uma contraposição entre os vídeos e o espetáculo: a montagem era obscura, seguia por uma noite até o horror tomar o espaço cênico com os primeiros raios de luz do dia; por outro lado os vídeos eram solares, eles eram a “única janela, alta e estreita, dando para onde só se vê, entre dois montes longínquos, um pequeno espaço de mar”, em que as memórias pouco a pouco se formavam.

Durante três anos estivemos envolvidos com o espetáculo: participamos de festivais, inauguramos o Laboratório de Artes Cênicas - LabCena, ganhamos um edital da FUNARTE e montamos uma temporada belíssima no Teatro Glauce Rocha, ultrapassando os muros da universidade. As memórias desta experiência continuaram conosco, mas nos afastamos delas, pouco a pouco, até nos depararmos com um acervo com muitos registros do espetáculo e vídeos não utilizados em cena, muitos materiais documentados que foram sendo decupados para que voltássemos a contar outras histórias. Depois do espetáculo, retornamos aos registros do processo de encenação e montamos um documentário sobre essa rica experiência, que resultou no mini doc. O Marinheiro: às vezes isso vai buscar sonhos.

Nanci de Freitas e eu percebemos que ainda havia questões que nos atravessavam e materiais a

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serem trabalhados. Idealizamos um novo filme que ganhou o nome de O que queremos ser queremos sempre ter sido no passado (uma frase do poema dramático O Marinheiro), em que as três veladoras de Fernando Pessoa aparecem em suas memórias e seus devaneios, em meio à floresta, ao lago, à terra e, fundamentalmente, ligadas ao mar e ao horizonte, numa atmosfera de toda a imensa incerteza, humanidade e solidão. Pensado a partir de fragmentos e arquivos de um processo anterior, resgatamos todo o material bruto das filmagens dos vídeos usados no espetáculo e mergulhamos nas possibilidades de se criar um trabalho autônomo e com vida

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quando desgarrado de seu uso original. Não filmamos nada novo para este curta, apenas usamos os arquivos que tínhamos guardados: cada cena foi cuidadosamente escolhida, trabalhada e lapidada. Tanto o olhar da câmera de Sara Paulo quanto o nosso olhar (da direção) foram muito sensíveis e reconstruímos imagens da memória das veladoras, quase um mundo paralelo com forte relação com a natureza descrita no texto e uma impensável sensação de liberdade e individualidade. Cada veladora tem um percurso próprio, tem seu próprio elemento da natureza, mas todas seguem para um mesmo lugar, após uma intensa perseguição pelas sombras de suas lembranças. Ao se depararem com o terror e o pesadelo, elas correm e se misturam, de certa forma, e vemos uma única veladora submergir nas ondas e sucumbir.

A riqueza de trabalhos, dias e noites debruçados sobre o texto O Marinheiro e sobre autores que falam sobre ele trouxeram-me para um novo lugar,

no qual investigo as memórias dessas veladoras e penso numa poética cinematográfica, a partir delas. Esta é a minha pesquisa no curso de Mestrado do PPGArtes, na UERJ, orientada pela professora Nanci de Freitas, em mais um desdobramento de O Marinheiro na minha vida acadêmica.

MEMÓRIAS ENTRECRUZADAS DAS TRÊS VELADORAS DE FERNANDO PESSOA
Memórias entrecruzadas das três veladoras
de Fernando Pessoa: a construção de
novos sentidos numa experiência fílmica
TEXTO DE NATASHA SALDANHA

O mar, os lagos, as montanhas e os montes... memórias entrecruzadas de três veladoras à beira do terror e do medo causados por seus próprios questionamentos da vida e da morte. Se o pânico final aproxima as três personagens, suas memórias, embora tendo em comum a alegria e as cores, se distinguem diante da infância vivida por cada uma. Dessa forma, o passado cria as individualidades das três mulheres e, assim, tivemos o ponto de partida para a gravação dos vídeos para o espetáculo O Marinheiro.

As filmagens ocorreram em dois lugares da cidade do Rio de Janeiro: o Parque Lage e a Praia do Diabo (ao lado do famoso Arpoador). Cada atriz, com suas especificidades e estudos de suas personagens, gravou cenas compatíveis com as memórias de sua veladora. Cenas observando o mar, entrando e brincando na água, percorrendo as matas e flores, sentindo a terra, dançando nos lagos e tocando os pés no riacho, foram alguns dos momentos registrados. Paisagens alegres e coloridas que foram ao encontro das lembranças da infância feliz e tão relembradas pelas personagens, ao longo da peça. 

Mas o lado obscuro das reflexões das veladoras, no texto, também foi pensado e criado durante as

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gravações. Entretanto, o prévio planejamento das cenas pela equipe para o dia de filmagem não limitou a criação de novos enquadramentos, cenas e situações diante do espaço da cidade, que se abrira para a construção de novos diálogos.Algumas cenas gravadas foram inseridas no espetáculo O Marinheiro. Não todas, pois percebemos, no processo da encenação, que a força maior das imagens estava nas palavras do texto de Fernando Pessoa. Posteriormente, as imagens filmadas despertaram novos sentidos, ganhando novas construções e formatos que podem ser apreciados no vídeo O que queremos ser queremos sempre ter sido no passado.

O BRANCO, O MAR E A CONEXÃO COM A NATUREZA
O BRANCO, O MAR E A CONEXÃO COM A NATUREZA
TEXTO DE LÍCIA GOMES

Lembro-me que, para organizar as gravações de cenas que seriam projetadas no espetáculo O Marinheiro, tivemos muitos preparativos. Naquele momento, estaríamos de branco: o branco fazia sentido para as cenas das memórias das personagens da peça que estávamos encenando. Tempos mais tarde, no processo de criação, os brancos da cena foram se tornando resquícios e o peso do preto determinou os figurinos, simbolizando o luto. O branco, o mar, as árvores e lagos ficaram retidos nas lembranças, parte essencial da vida das três veladoras. 

 

E lá fomos nós, cinco mulheres, três vestidos brancos e os equipamentos que precisávamos (além das três atrizes, a diretora Nanci de Freitas e a fotógrafa Sara Paulo, responsável pelas filmagens). Fomos buscar as formas, dar visualidade às memórias das veladoras. Precisávamos de mar, montes, árvores e lagos. Buscamos na cidade do Rio de Janeiro lugares para resgatar espaços tão bucólicos. Juntas, gravamos no Parque Lage e na Praia do Arpoador, próximo às pedras. No parque, sentei-me na terra, corri descalça e, na praia, achamos um canto que não tinha muito movimento para molharmos os pés. A sensação era de muita conexão com a natureza. Aquele momento também nos conectou mais, deixando-nos mais uníssonas, o que percebemos quando voltamos para a sala de ensaio.

Vídeo projetado em cena do espetáculo O Marinheiro

Edição: Pedro Henrique Borges

DEPOIMENTO DA ATRIZ GLEICE UCHOA
Depoimento DA ATRIZ Gleice Uchôa
Depoimento da Atriz Gleice Uchôa

Depoimento da atriz sobre sua participação no filme experimental O que queremos ser queremos sempre ter sido no passado.

Clique na imagem abaixo para acessar o vídeo através do canal do YouTube do Mirateatro

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MOSTRA DE VÍDEOS: CENA E PERFORMANCE
MOSTRA DE VÍDEOS: CENA E PERFORMANCE
LIVE da Mostra de vídeos: cena e performance. Dia 11.12.2020

Gravação da live apresentada por Natasha Saldanha e Pedro Henrique Borges, na plataforma Instagram, no endereço @mirateatro_art_uerj, dentro da Mostra de vídeos: cena e performance, produzida pelo projeto Mirateatro! Espaço de estudos e criação cênica. A live debateu questões relacionadas ao filme experimental O que queremos ser queremos sempre ter sido no passado, curta metragem realizado em 2018, inspirado nas narrativas das três mulheres do poema O Marinheiro de Fernando Pessoa.

Clique na imagem abaixo para acessar o vídeo através do canal do YouTube do Mirateatro

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