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MIRATEATRO: CENA EM PROCESSO

Cartaz para a divulgação do espetáculo Mirateatro: cena em processo

Mirateatro! Cena em processo foi uma primeira experiência cênica realizada, em 2007,sob a direção da Profª Nanci de Freitas, com estudantes do Instituto de Artes da UERJ, dando origem ao nome do projeto de extensão, Mirateatro! Espaço de estudos e criação cênica. O roteiro da peça foi elaborado numa perspectiva de metalinguagem, com a colagem de cenas e textos de autores do teatro moderno e contemporâneo, que questionaram, com humor crítico, seu próprio fazer artístico e a instituição teatral. 

FICHA TÉCNICA
FICHA TÉCNICA
Roteiro-colagem

Nanci de Freitas

Direção

Nanci de Freitas

 

Elenco

Catiane Soares da Silva 

Elizeth Pinheiro

Fabrício Gabriel 

Jimson F.Vilela 

Mabeli dos Santos Fernandes 

Natália Cândido  

Nicolai Nunes  

Pedro Luis Carneiro.

Rodrigo claro Vieira 

Vanessa dos Santos Soares 

Trilha Sonora

Arthur Batista Cordeiro (LCV)

Criação do Vídeo

Arthur Batista Cordeiro (LCV)

Colaboração Audiovisual

Laboratório de Cinema e Vídeo (LCV)

Instituto de Artes

Coordenação

Prof. Jorge Cruz

Figurinos

O Grupo

Programação Visual
Fabrício Gabriel

Assistente de Montagem e Contrarregra

Alessandro da Costa

Iluminação

Paulo Davi (Decult/Sr3)

Montagem de Luz e Som

Equipe técnica do Teatro Noel Rosa (Decult/Sr3)

Coordenação de Produção

Nanci de Freitas

Execução da Produção

O Grupo

THEATRON - O LUGAR AONDE SE VAI PARA VER
THEATRON – LUGAR AONDE SE VAI PARA VER
MIRATEATRO! MIRAR O PROCESSO
QUE É VISTO EM CENA
TEXTO DE NANCI DE FREITAS

A experiência Mirateatro! Cena em processo foi realizada a partir da construção de um roteiro dramatúrgico que abordava o universo do teatro por dentro, a partir de textos de autores do teatro moderno e contemporâneo como: Karl Valentin (ator cômico alemão, dos anos 1920); Umberto Boccioni (artista plástico do futurismo italiano, que participou do “teatro sintético”); Sanchis Sinisterra e Francisco Zarzoso (autores da cena contemporânea espanhola); além de fragmentos textuais do cineasta Woody Allen e de Oswald de Andrade, dentre outros. Os procedimentos da colagem determinaram a proposta conceitual do roteiro e de sua encenação, operando uma desmontagem das convenções teatrais e propiciando uma experiência lúdica, no âmbito da metalinguagem e da reflexividade. Desse modo, foi possível, utilizando-se da comicidade e do humor, refletir sobre o papel dos atores, do autor, do diretor, do crítico e do público, no processo de construção do sistema teatral.

Foto Perfil Nanci.jpg

Nanci de Freitas é atriz, encenadora e Professora Associada do Instituto de Artes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ, atuando no Departamento de Linguagens Artísticas, nas disciplinas de Teatro e de Performance. Coordena o projeto de extensão Mirateatro! Espaço de estudos e criação cênica, desde 2007, e o Laboratório de Artes Cênicas – LabCena, desde 2012, onde realiza experiências artísticas. Desenvolve a pesquisa intitulada Cena contemporânea, corpo, imagem, performatividade, no Programa de Pós-graduação em Artes – PPGArtes, com estudos relacionados aos entrelaçamentos do teatro com as artes visuais, o vídeo e a performance.

Foto: Bianca Silva | Mirateatro: cena em processo

Foto: Bianca Silva

Os estudantes/atores vivenciaram a abordagem dos materiais textuais diretamente na prática cênica e, desse modo, tiveram a possibilidade de compreender os princípios estruturais da linguagem teatral, ao mesmo tempo em que foram descobrindo uma forma própria de teatralidade e de atuação. Uma experiência artística que envolveu os alunos em todas as etapas da montagem cênica, participando da criação dos elementos visuais e sonoros, dos figurinos, da arte gráfica e da divulgação.

O projeto iniciou suas atividades no primeiro semestre de 2007, contando com cinco alunos que haviam cursado, no Instituto de Artes, a disciplina Teatro: Processos e Modalidades, com a Profª Nanci de Freitas. Foi realizado um processo de iniciação, com exercícios teatrais e leitura de textos, visando preparar os integrantes para a etapa de encenação, cujo foco era a reflexão sobre o teatro e a criação artística. No decorrer do segundo semestre de 2007, com o enorme entusiasmo do grupo, o projeto atraiu novos participantes, contando com quatro estudantes que já vinham de experiências anteriores no campo teatral. Desse modo, conseguimos formar um grupo de dez atores que integraram a encenação de Mirateatro! Cena em processo.

O trabalho intenso, realizado nestas atividades extracurriculares e interdisciplinares, possibilitou aos estudantes um mergulho no universo das artes cênicas, ampliando recursos artísticos e as possibilidades de atuação como professores de arte.

ROTEIRO - CENA DE ABERTURA
Roteiro – cena de abertura
Foto: Bianca Silva | Mirateatro: cena em processo

Foto: Bianca Silva

Cena 1 – atores em processo de ensaio

A mesa e as cadeiras já estarão postas em cena.

Música de ensaio (aquecimento)  -  ritmo alegre e quente. 

Todos os atores estão em cena se aquecendo. 

Depois vão se colocando em seus espaços. Os atores realizam partituras corporais e exercícios vocais, incluindo fragmentos textuais e sons.   (Mesmo que o público não ouça, pois terá música aí). 

Alguns podem estar sentados nas cadeiras.

Ações dos atores.

Jimson se aquece rápido, correndo pelo espaço. Pode realizar uma das sequências que faz no grupo de dança. No decorrer da cena, ele pega o violão e se senta na cadeira perto do microfone da esquerda. Fica dedilhando o violãoFabrício já está com o jornal e faz alguns movimentos. (Faz o seu depoimento)

Mabeli se aquece no chão

Elizeth faz sua sequência de contorcionismo e diz um texto

Nicolai pergunta: quem disse isto que você está dizendo? Ela diz: Antonin Artaud

Nicolai faz anotações em um livro 

Catiane e Natália já estão se maquiando, se preparando para entrar em cena

Catiane faz o seu depoimento

Rodrigo faz sua sequência em linha reta, vindo à frente do palco

Pedro faz uma sequência de dupla 

Os atores vão saindo, um a um ou em dupla

Pedro fica por último e ajuda Fabrício a posicionar a mesa

Foto: Bianca Silva | Mirateatro: cena em processo

Foto: Bianca Silva

Foto: Bianca Silva | Mirateatro: cena em processo

Foto: Bianca Silva

Fabrício já fica sentado à mesa lendo o jornal 

Vanessa fotografa tudo 

Nicolai não sai de cena. Fica ao fundo observando a cena e anotando em um caderninho.

Mudança de luz: focos nos dois microfones.

Natália no microfone da direita, diz o texto: “não se é artista de uma só maneira”.

Nicolai pergunta-lhe: quem disse isto? 

Natália: Foi Beatriz Sarlo

Jimson que toca violão, diz sua fala e canta: “artista é o caralho”.

Natália faz um duo com ele no microfone da esquerda

Os dois saem de cena cantando e rindo. E Vanessa sai atrás fotografando.

TEXTO DE UMA CENA DA PEÇA
CENAS INSERIDAS NO ROTEIRO DA PEÇA 

PORQUE OS TEATROS ESTÃO VAZIOS

Autor: Karl Valentin

 

Ator 1 - Por que todos estes teatros vazios? Simplesmente, porque o público não vem. Culpa de quem? Unicamente do Estado. Se cada um de nós se visse obrigado a ir ao teatro, as coisas mudariam completamente. Por que não instituir o teatro obrigatório? Por que instituímos a escola obrigatória? Porque nenhum estudante iria a escola se não fosse obrigado. È verdade que seria mais difícil instituir o teatro obrigatório, mas nós não podemos ter tudo se tivermos boa vontade e o senso do dever?

 

Ator 2 - Além disso: o teatro não é uma escola? Então... O teatro obrigatório poderia começar na infância com um repertório de contos próprios para crianças como: “o grande anão malvado” ou “o lobo e as setes brancas de neve”.

 

Ator 3 - Numa grande metrópole, temos umas cem escolas e mil crianças por escola cada dia, o que faz cem mil crianças diárias. Essas cem mil crianças irão de manhã à escola e, de tarde, ao teatro obrigatório. Preço de ingresso por espectador-criança: cinquenta centavos às custas do Estado. Certamente, isso nos dá cem teatros cada um com mil lugares ocupados: 500 reais por teatro, 50.000 mil reais os cem teatros da cidade.

 

Ator 4 - Quantos atores teriam empregos? Instituindo Estado por Estado o teatro obrigatório, nós transformaríamos completamente a vida econômica. Porque não é absolutamente a mesma coisa se perguntar: “Será que eu vou ao teatro hoje?” ou dizer: “Eu tenho que ir ao teatro”. O teatro obrigatório levaria o cidadão a renunciar voluntariamente a todas as outras distrações estúpidas como, por exemplo, o jogo de futebol, de cartas, as discussões políticas de botequim, encontros amorosos e todos esses jogos sociais que tomam e devoram nosso tempo.

 

Ator 5 - Sabendo que tem de ir ao teatro, o cidadão não teria mais que escolher seu espetáculo, ele se perguntaria se iria ver essa noite Tristan ou outra coisa? Não! Ele terá que ir ver Tristan e outras coisas, pois será obrigado: ele terá que ir, gostando ou não gostando, 365 vezes por ano, ao teatro. O estudante, por exemplo, também não gosta de ir a escola, mas vai assim mesmo, porque a escola é obrigatória. Obrigatória. Por lei. É somente por lei que podemos obrigar nosso público a ir ao teatro. Nós tentamos anos a fio convencê-los com boas maneiras, eis o resultado. Golpes publicitários para atrair a multidão, como: “Ar refrigerado perfeito”, ou então: “É permitido fumar durante o intervalo”, ou ainda: “Estudantes e militares, do general ao raso pagam meia”. Com todos esses truques não conseguimos encher salas, vejam vocês.

 

Ator 6 - E tudo que iríamos gastar para fazer publicidade será economizado, pois o teatro será obrigatório. Quem precisa de publicidade para mandar as crianças para escola? Não haverá mais problemas com o preço dos ingressos. Ele não dependera mais da condição social, mas debilidades e doenças do público, Da primeira a quinta fila, teremos os surdos e os míopes. Da sexta a décima fila, os hipocondríacos e os neurastênicos. Da décima a décima quinta fila, os doentes de pele e os doentes da alma. E as frisas, camarotes e galerias seriam reservados aos reumáticos e asmáticos.

 

Ator 7 - O teatro obrigatório universal que nós propomos - T.O.U. - levará ao teatro, numa grande cidade, cerca de dois milhões de espectadores. Será necessário, então, que haja nessa cidade vinte teatros de 1000.000 lugares: ou 40 salas de 50.000 lugares; ou 160 salas de 12.500 lugares; ou 320 salas de 6.250 lugares; ou 640 salas de 3.125 lugares; ou dois milhões de teatros de 1 só lugar.

 

Ator 8 - É preciso ser ator para se dar conta da força que isso pode ter quando somos tomados pela presença, numa sala monumental, de um publico de, digamos, 50.000 pessoas.

 

Ator 9 - Eis o verdadeiro modo de ajudar os teatros que estão á beira da falência. Não se trata de discutir filipetas, cartazes e convites. Não. É preciso impor o teatro obrigatório. E quem pode impor senão o Estado?

Gênio e Cultura | Síntese futurista de Umberto Boccioni

Foto: Bianca Silva | Vanessa Soares e Pedro Carneiro | Mirateatro: cena em processo

Foto: Bianca Silva

Foto: Bianca Silva | Elizeth Pinheiro, Jimson Vilela e Rodrigo Claro | Mirateatro: cena em processo

Foto: Bianca Silva

Foto: Bianca Silva | Natalia Candido e Vanessa Soares | Mirateatro: cena em processo

Foto: Bianca Silva

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